Minha gente, povo meu, está cada
dia mais exposta a forma como a seleção brasileira de futebol vem sendo
trabalhada pela comissão técnica encabeçada por Luiz Felipe Scolari.
Já disse aqui que a seleção
precisa de mais treinamento tático, que seus jogadores precisam parar de pensar
em cada jogada que deveria ser realizada automaticamente. Que o time não tem
uma boa passagem de bola da defesa para o meio campo e deste para o ataque.
O que se vê são os jogadores
tentando cada um a seu modo, resolver essa total falta de definição de como se
faz o que. Em principio nos parece que pouco se treina efetivamente, se há, são
conversas de como fazer – o que é muito difícil de se por em prática, desculpe,
sem prática.
Por um tempo, pensei que
estivesse sozinho nesse raciocínio, nesse entendimento sobre a falta de treinos
táticos da seleção. Mas é com certa alegria que começo a ver e ouvir nos quatro
cantos do país e até fora dele, que “a seleção não tem problema emocional, é
problema tático” e que “o técnico da seleção está obsoleto” eu diria mesmo
ultrapassado. O torcedor do Palmeiras e quem acompanha o futebol sabe do que
estou falando.
Até o que disse em comentário
anterior, de que “o time pode até ser campeão pela qualidade dos seus jogadores”,
também ouvi num canal televisivo.
Então não estou só. Não sou
apenas o único a ver que o Brasil não tem jogadas definidas, ensaiadas e
principalmente, treinadas, exaustivamente treinadas para que possam ser
realizadas sem pensar, automaticamente.
Talvez até você ache que estou
sendo pessimista ou querendo fazer nome falando mal da seleção brasileira. Primeiro
tenho que avisá-lo que tenho 21 anos de profissão e levo a sério tudo que faço.
Por isso, pouco me importa se tenho ou não um nome no esporte brasileiro. Sei o
que faço e o que já fiz na minha vida pelo esporte. Não seria agora, no acaso
de carreira que iria me preocupar se o que faço vai ou não me dar o que chamam
de fama.
Não sou pessimista. Amo meu país.
E meu esporte favorito e pelo qual dedico todo esse tempo como profissional é o
futebol. Joguei, pouco é verdade, mas deu para conhecer alguma coisa e para
observar os chamados monstros atuando. Tive o prazer de ter trabalhado com
alguns dos mais renomados treinadores do nosso futebol e de me sentir amigo de praticamente
todos.
Mas vamos voltar à seleção. Sem muito
esforço, observa-se que o time não tem um comandante que esteja treinando,
cobrando, como deveria. Enquanto vimos a seleção grega fazer vários
treinamentos no Batistão e ouvir seus jogadores dizerem que “vieram para disputar
uma Copa do Mundo e não para passear”, é dito e mostrado por quantos cheguem à
Granja Comari, que os jogadores do Brasil praticamente não treinam e que a
grande parte do tempo é tomada para receber globais, familiares, amigos,
políticos e muitos empresários do marketing. É uma enorme festa.
Não são feitos os famosos treinos
fechados. Exceto nos dias que antecedem os jogos. O que há de se entender que
são treinos leves e de nenhuma cobrança maior. No mais, é um tal de “trabalhar
a cabeça” dos jogadores, como se apenas conversa ganha jogo.
Você pode rebater dizendo que
estou reclamando de uma seleção invicta, que está nas quartas de finais e que é
uma das favoritas. É verdade. Tem razão em quase tudo. Só não concordo se falar
que está convencendo, que a seleção está jogando bem, que tem um esquema de
jogo definido, que a passagem de bola não está sendo “ligação direta”, que
temos um “meio campo”, que não sofremos de “Neymar-dependência”, que o Luiz
Felipe não troca seis por meia-dúzia, que quando mexe num jogador mexe num
setor inteiro do time, que Luiz Gustavo não vai fazer uma falta tremenda para o
próximo jogo, que foi natural seus jogadores chorarem tanto por uma simples
passagem da oitavas – se chegarem ao título vai ser medonho, que se Neymar não
recuperar a tempo vai ser um Deus nos acuda, e etc.
Por isso que estou falando “antes”.
Porque falar depois, é fácil, muito fácil.