Espetáculo cada vez mais caro... |
Minha gente do futebol, depois de um final de semana em que
o Club Sportivo Sergipe apenas empatou com o Boca Junior – que goleara quatro
dias antes; em que o River Plate venceu dentro de casa a Socorrense – de quem
perdera a quatro dias antes, ambos pela Segundona e Meia.
Depois de um final de semana em que os representantes
sergipanos na Copa do Nordeste venceram – O Itabaiana venceu o ABC por 3 a 1,
no Médici, e o Confiança venceu o Souza lá na Paraíba, por 1 a 0.
Ouví o programa Bola de Mel, apresentado por Alberto
Matos, com a participação de Kleber Sorriso e Emanoel Fonseca, e vários
torcedores emitiram opinião sobre a campanha do Dragão do Bairro Industrial. Dentre
elas e com a desculpa de facilitar a presença em massa da grande torcida
proletária, foi apresentada a idéia de baixar o preço do ingresso.
É corriqueira essa solicitação vinda de alguns setores
esportivos, sempre que se deseja um grande público para incentivar seu clube do
coração, deve baixar o preço do ingresso.
Ora, é exatamente nesse momento, que o clube deve buscar os maiores
retornos dos investimentos financeiros realizados na montagem da equipe e até
para reforçá-la. Como também é preciso entender que o espetáculo futebol é
bastante caro. É só observar o quanto e o que é preciso para a realização de
uma simples partida.
Começa pela construção de estádios. Quanto custa a
construção de um mediano estádio? Vai da escolha e localização do terreno e vai
até a utilização de alta tecnologia em engenharia e arquitetura, passando principalmente,
pela cara e necessária manutenção desses espaços públicos.
Quanto custa para se colocar em campo uma mediana equipe? Começa
com a contratação dos jogadores e a partir daí, é criada uma enorme estrutura
para que essa equipe esteja apta para entrar no gramado.
Para que seja realizada uma partida qualquer, mobiliza-se
desde a Polícia Militar, ao Corpo de Bombeiros, à Secretária de Saúde, passando por entes do município. Todos envolvidos
na área de segurança, mobilidade urbana, saúde pública e até população em si.
Esse aparato estratégico para a realização de uma simples partida
de futebol consome um enorme volume de recursos financeiros, que tem que ser
ressarcido através da cobrança justa de um ingresso de valor compatível com a
qualidade desse espetáculo. E essa qualidade passa obrigatoriamente pelos recursos
advindos dos valores arrecadados, através da renda de cada espetáculo.
Não é assim que ocorre em todo e qualquer evento para o
público? Todos os eventos não precisam de retorno nos valores investidos para possam
ser mantidos e até melhorados? Veja o
Pré-Caju. Veja os vários shows. Veja o circo. Veja o teatro. Veja as corridas
de fórmula um. Veja o Carnaval. Veja os grandes campeonatos pelo mundo – Copas,
Champions, Libertadores. Em todos eles, quanto maior o interesse do público, mais
caro o ingresso.
Por que no nosso futebol é que invertemos essa equação? Por que
nesse momento em que o Confiança está bem colocado na Copa do Nordeste, deve
baixar e não subir o preço do ingresso? Essa é a hora de se arrecadar mais. Baixando
o preço do ingresso, teremos um grande público e um cofre vazio após a partida.
Fica então uma incoerência sem tamanho: queremos grandes
equipes, que só se monta com jogadores caros, mas queremos pagar pouco pelo
espetáculo proporcionado por esses mesmos jogadores. Como pode? Será que o
Santos está cobrando menos para manter Neymar no time? Será que o Barcelona baixa
o preço do ingresso para os shows do Messi? Guardadas as devidas proporções,
será que o Confiança deve baixar o preço do ingresso precisando manter uma boa
equipe na Copa do Nordeste?