pense um pouco..... |
Meus Amigos,
Quando pedíamos a reforma do
Batistão, estávamos acostumados ao Governo do Estado propiciar as melhorias e uns
poucos ganharem muito com as mesmas.
Pois bem. O estádio estadual
Lourival Batista está passando por mais uma das suas várias reformas e será
entregue ao público no próximo ano. Já se sabe, porém, que todo evento
realizado naquela praça de esportes deverá ser remunerado. Fala-se algo em
torno de R$ 35 a R$ 50 mil “para abrir o
estádio” para uma partida de futebol ou outro evento qualquer.
Ora, com a Copa do Mundo, todos
os eventos realizados nas arenas passaram a ser literalmente pagos. Desde os
shows, os encontros, até as partidas de showbol e de futebol. Tudo é
remunerado.
Com a notícia, começaram as
reclamações sobre tais remunerações sob as mais variadas alegações. Ora se diz
que o futebol é para o lazer do povo e como tal deve ser facilitada (leia-se de
graça) a presença do público. No que concordo em parte. Que o público não pague,
desde que os organizadores, os donos do espetáculo, o façam de graça. Em não
sendo assim, alguém estará ganhando e todos estariam pagando – através do
Governo estadual ou municipal ou mesmo federal. Não é assim que acontece com as
bandas que “abrilhantam” os forrodromos da vida?
Quando se defende futebol de
graça, esquece-se de que existem do outro lado, profissionais que vivem e bem, do
que rendem esses espetáculos. O que quer dizer que não pode existir a
gratuidade propalada. Continua a existir um extorquir de lado (dos governos)
para benefício de outro (dos empreendedores) em nome de outro (o povão) que escolhe
o que quer assistir. E pior, onde muitos trabalham (jogadores) e muitas das
vezes ficam meses sem receber o contratado.
No final da semana passada, a partida
do campeonato sergipano da segunda divisão teve que ser antecipada para o
sábado no estádio Augusto Franco, por conta de um encontro festivo da
arquidiocese da Estância em homenagem a Nossa Senhora, que lotou o Francão e
contou com a presença do Senhor Prefeito Carlos Magno – evangélico confesso, e com
todo o secretariado. Nada custou para os organizadores.
Não sou contra tais eventos. Quer
sejam de uma religião ou de outra. Acontece que ainda estamos acreditando que
quando em qualquer evento se fala em Deus, para os organizadores, tem que ser
de graça.
Esquecemos que hoje falar em Deus está cada vez mais e melhor
remunerado. Nenhum evento religioso deixa de cobrar dos seus participantes. Os
chamados shows gospel provam isso. Ainda esta semana uma amiga se deliciou ao
ouvir numa mesa ao lado num dos restaurantes da cidade, um pastor sendo
entrevistado para trabalhar numa igreja local – profissionalmente. Para participar
de qualquer congregação o irmão tem que remunerar com o dízimo ou com a
contribuição “para manutenção”, naturalmente.
Concordo que os governos devem
promover lazer para o povo. Mas desde que esse lazer seja colocado para todos,
e que todos participem sem onerar os cofres públicos. Que sejam áreas públicas
de lazer. As novas arenas para o futebol já não podem ser consideradas como tal
pelo seu alto valor de manutenção e porque geram retornos financeiros.
Quando você vai ao parque dos
Cajueiros para uma tarde de lazer com sua família, você usufrui o que está
disponível para todos. O mesmo acontece no parque da Sementeira.
Mas se você escolhe e vai ao
Teatro Tobias Barreto, você paga. Lá tem alguém trabalhando profissionalmente
para realizar o espetáculo que você quer assistir. Se você vai a Salvador e
quer conhecer o elevador Lacerda, por exemplo, você tem que pagar para subir ou
descer. Se você vai ao Rio de Janeiro e quer conhecer de perto o Cristo
Redentor, tem que pagar para tal. Agora se você quiser assistir ao futebol
usufruindo do conforto que o Batistão pode oferecer, é uma escolha, vai pagar
para isso.
Criou-se um mito de que quem
gosta de futebol “é o povão que ganha o salário mínimo”. Mas é esse mesmo “povão”
que enche os shoppings e os shows nada baratos que pululam nas cidades, seja na
capital ou no interior do Estado.
Então, os clubes, as igrejas, os
empreendedores, também terão de pagar para utilizar e auferir renda no estádio.
Por que não?
Por favor, não me venha com
discurso de que nunca foi assim. Não era porque alguém sempre ganhou e eu, você
e tantos outros pagaram por isso. Agora é. E é justo. Se não se ganha nada com
futebol, porque se investe tanto? Se alguém quebrou porque investiu em futebol,
é porque usufruiu em algo que nem você nem eu ficamos sabendo. De graça é que
não foi.