quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Nada é de graça


pense um pouco.....


Meus Amigos,

Quando pedíamos a reforma do Batistão, estávamos acostumados ao Governo do Estado propiciar as melhorias e uns poucos ganharem muito com as mesmas.

Pois bem. O estádio estadual Lourival Batista está passando por mais uma das suas várias reformas e será entregue ao público no próximo ano. Já se sabe, porém, que todo evento realizado naquela praça de esportes deverá ser remunerado. Fala-se algo em torno de R$ 35 a  R$ 50 mil “para abrir o estádio” para uma partida de futebol ou outro evento qualquer.

Ora, com a Copa do Mundo, todos os eventos realizados nas arenas passaram a ser literalmente pagos. Desde os shows, os encontros, até as partidas de showbol e de futebol. Tudo é remunerado.

Com a notícia, começaram as reclamações sobre tais remunerações sob as mais variadas alegações. Ora se diz que o futebol é para o lazer do povo e como tal deve ser facilitada (leia-se de graça) a presença do público. No que concordo em parte. Que o público não pague, desde que os organizadores, os donos do espetáculo, o façam de graça. Em não sendo assim, alguém estará ganhando e todos estariam pagando – através do Governo estadual ou municipal ou mesmo federal. Não é assim que acontece com as bandas que “abrilhantam” os forrodromos da vida?

Quando se defende futebol de graça, esquece-se de que existem do outro lado, profissionais que vivem e bem, do que rendem esses espetáculos. O que quer dizer que não pode existir a gratuidade propalada. Continua a existir um extorquir de lado (dos governos) para benefício de outro (dos empreendedores) em nome de outro (o povão) que escolhe o que quer assistir. E pior, onde muitos trabalham (jogadores) e muitas das vezes ficam meses sem receber o contratado.

No final da semana passada, a partida do campeonato sergipano da segunda divisão teve que ser antecipada para o sábado no estádio Augusto Franco, por conta de um encontro festivo da arquidiocese da Estância em homenagem a Nossa Senhora, que lotou o Francão e contou com a presença do Senhor Prefeito Carlos Magno – evangélico confesso, e com todo o secretariado. Nada custou para os organizadores.

Não sou contra tais eventos. Quer sejam de uma religião ou de outra. Acontece que ainda estamos acreditando que quando em qualquer evento se fala em Deus, para os organizadores, tem que ser de graça. 

Esquecemos que hoje falar em Deus está cada vez mais e melhor remunerado. Nenhum evento religioso deixa de cobrar dos seus participantes. Os chamados shows gospel provam isso. Ainda esta semana uma amiga se deliciou ao ouvir numa mesa ao lado num dos restaurantes da cidade, um pastor sendo entrevistado para trabalhar numa igreja local – profissionalmente. Para participar de qualquer congregação o irmão tem que remunerar com o dízimo ou com a contribuição “para manutenção”, naturalmente.

Concordo que os governos devem promover lazer para o povo. Mas desde que esse lazer seja colocado para todos, e que todos participem sem onerar os cofres públicos. Que sejam áreas públicas de lazer. As novas arenas para o futebol já não podem ser consideradas como tal pelo seu alto valor de manutenção e porque geram retornos financeiros.

Quando você vai ao parque dos Cajueiros para uma tarde de lazer com sua família, você usufrui o que está disponível para todos. O mesmo acontece no parque da Sementeira.

Mas se você escolhe e vai ao Teatro Tobias Barreto, você paga. Lá tem alguém trabalhando profissionalmente para realizar o espetáculo que você quer assistir. Se você vai a Salvador e quer conhecer o elevador Lacerda, por exemplo, você tem que pagar para subir ou descer. Se você vai ao Rio de Janeiro e quer conhecer de perto o Cristo Redentor, tem que pagar para tal. Agora se você quiser assistir ao futebol usufruindo do conforto que o Batistão pode oferecer, é uma escolha, vai pagar para isso.

Criou-se um mito de que quem gosta de futebol “é o povão que ganha o salário mínimo”. Mas é esse mesmo “povão” que enche os shoppings e os shows nada baratos que pululam nas cidades, seja na capital ou no interior do Estado.

Então, os clubes, as igrejas, os empreendedores, também terão de pagar para utilizar e auferir renda no estádio. Por que não?

Por favor, não me venha com discurso de que nunca foi assim. Não era porque alguém sempre ganhou e eu, você e tantos outros pagaram por isso. Agora é. E é justo. Se não se ganha nada com futebol, porque se investe tanto? Se alguém quebrou porque investiu em futebol, é porque usufruiu em algo que nem você nem eu ficamos sabendo. De graça é que não foi.



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