Muito boa. Excelente a final da
Eurocopa. Deu Espanha. Mas poderia ter dado Itália, Portugal, Alemanha.
Bom ver a vitória do futebol-arte
sobre o futebol força, do futebol associado sobre o personalístico, do futebol
grupo sobre o individual.
A vitória de um futebol onde o
craque faz a diferença, mas não é a diferença. Onde todos têm que participar de
todo o jogo, e não de quando a bola chega aos pés.
Claro que continua as
especificidades de cada posição. Mas num conjunto harmonioso, onde todos são
convidados à participação efetiva no espetáculo.
Coisa que se faz naturalmente na “pelada”.
Lembro do tempo da pelada na rua
onde morei. Todos eram obrigados a “chutar com os dois pés”, a disputar “embaixadas”,
a jogar no “gol” e “na linha”- de acordo com a “linha tirada”, não deixar a “defesa-sair-jogando”,
dar “de cuia”, “de arruda”, “matar no peito”, “de letra”, “de curva”, “de óleo”,
“puxeta”.
Quem não sabia, treinava,
aprendia. Ou ficava sempre na beira da calçada, esperando vez.
Nos campos de pelada, cansei de
ver gols de falta, de escanteio, de trivela. De ver Digenal bater escanteio “de
letra”. De Guri fazer gol cobrindo o goleiro do grande círculo, após a “saída
da bola”. De João Banquinha “matar no peito e sair jogando” na sua pequena área.
Nada de novo apresenta a Espanha.
Os “Acadêmicos” é que passaram a reinventar a roda no futebol. E como sempre,
todos correram atrás da moda, do estudado; perdendo o contato com a origem,
onde tudo é feito intuitivamente, sem medo de errar; mas com o desejo de fazer
o melhor, o mais bonito, o mais desafiador.
Era assim que jogávamos, brincávamos.
Nunca precisamos aprender como fazer. Estava difícil, criava a condição de
passar com a bola em direção ao gol adversário. Tudo de forma maravilhosamente
bela, puro espetáculo. Era o recheio da “resenha” depois da pelada.
Que os deuses do futebol arte não
aceitem mais tanta “invenção”. Que a “categoria” seja a grande arma pára quem
quer jogar futebol. Que o espetáculo seja preservado e que os mais novos
aprendam que futebol é uma arte, uma simples e maravilhosa arte de colocar
habilmente a bola dentro do gol adversário. Mas tudo feito com leveza, paixão,
destreza, inteligência e sobre tudo amor à “gorduchinha”.
Óbvio que o futebol pode ser
conduzido dentro de campo, orientado por um treinador. Mas nunca deve perder o
sabor original da pelada, do improviso, do drible consciente, em direção ao
gol.
Que o jogador seja escolhido para
compor uma equipe pela sua “intimidade” com a pelota. Nunca pela sua “cavalisse”
em obstruir a jogada de forma faltosa, desrespeitosa ao público, que paga prá
ver a arte, o jogo. Até porque, violência já se tem de graça nos filmes e nas lutas.
Ótimo texto!
ResponderExcluirrealmente o que a Espanha faz hoje algumas seleções ja faziam desde a década de 70, não há nada de inovador, apenas diferente do que se propaga como futebol de resultado pelos atuais técnicos no futebol mundial (500 volantes e 35 zagueiros em esquemas 9-1-1 ou 7-2-1...hehehe
Abraços e vou estar sempre acompanhando!!